HORROR OU TERROR?

04/07/2015 14:32

Quando sentamos em meio à sala na penumbra e os primeiros sons se fazem notar, anunciando que vamos passar pela experiência do medo, logo nos assalta a idéia do que estamos prestes a  vivenciar: Um filme de horror ou terror? Mas, qual é a diferença?

Antes que mais é preciso buscar um certo parâmetro para trabalharmos o termo, pois horror ou terror se nutrem da mesma matéria que o a capacidade de estranhamento e distanciamento psíquico das situações.  É exatamente essa abstração que faz com que busquemos identificar e assim apaziguar o nosso interior simbólico. Quando associamos o visto/percebido nas situações ilustradas, por exemplo, numa película/vídeo e aquilo que temos por referência em nós e o que é construído choca-se ou nos lega insegurança identitária, pronto submergimos ao território do medo e o propósito da obra está se cumprindo. É portanto o estranhamento que faz a sua parte acelerando nosso coração, provocando suores e risos desconexos.

E o horror e terror, são estritamente iguais? Não!

O horror constrói o estranhamento pela repulsa a determinados ícones. Vídeos/películas com uma abordagem detalhada ou não em insetos, animais peçonhentos, ações de extrema violência, mutilações e práticas inusitadas valendo-se de ato repulsivo (nojo. asco, etc), transitam no campo abrangente do horror. Vídeos/películas tais como “O albergue”, toda a série de “jogos mortais”, “aracnofobia” e demais, têm fortemente um pé no gênero horror que citamos.

E o terror?

O terror é muito mais um estado psicológico frente ao estranhamento concebido do que a retratação visual e/ou sonora de uma situação.

A  priore, mas com exceções,  todo horror namora o terror, embora essa assertiva não se estabeleça numa lei.

O terror denota atitude de expectativa e estranhamento. A repulsa aqui não será orgânica, mas sim psicoativa. “Não conheço, não reconheço, então rechaço!” Filmes com temática no fantástico, são bons exemplos disso – Um filme que aborda em seu tema uma casa assombrada não necessariamente será nojento, mas causará estranheza e assim mergulhará no terror de situação e pelo medo, legará atitudes ímpares a este gênero.

Falamos portanto no horror, no terror entretanto, não fechamos a tríade com o suspense (ou thrillher, como é conhecido na corruptela inglesa!).

Esse merece um capítulo a parte pois é aquilo que “condimenta” os demais. Sem o suspense a marcação de ação compromete-se e o efeito torna-se ineficaz.

Vamos fazer de conta e estabelecer uma determinada cena! Uma bem banal, tipo: “um zumbi perseguindo uma moça por uma rua escura...”

Gosto de usar esse referencial em minhas palestras sobre cinema!

Enquanto perseguição e embalado pela cenarização dos becos sombrios quem está atuando ali será o suspense, pela sua construção ambiente (entenda aqui por ambiente não só o físico, bem como o ´psíquico!).

Enquanto o zumbi não alcançar sua presa, a situação namora o terror, pois o estranhamento de contexto se faz presente e a não ser que para você seja comum encontrar um zumbi a cada esquina, o estranhamento notabilizar-se-á pela própria figura do zumbi e o inusitado da situação. Agora, quando este alcançar sua presa e começar a lhe devorar as carnes... Tchan! Bem vindo ao horror! Será nojento ver a dilaceração promovida pelo “bichinho”...   

          Bom é isso! Espero ter ajudado nesta rápida reflexão! E o mais importante, seja horror, terror e embalado pelo suspense, o importante será curtir a situação e embora não encontremos um vídeo/película marcado por tão somente uma característica, percebemos que este mergulho interior, após um bom filme de horror/terror/suspense, nos faz refletir a condição humana e isso sempre será bom, pois teremos a possibilidade de conhecermos nosso interior de forma mais detalhada.

          É isso aí!

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